Há Cerca de 10.000 Anos Atrás...
Os pastores de
ovelhas tinham necessidades de controlar os rebanhos. Precisavam saber se não
faltavam ovelhas. Como os pastores podiam saber se alguma ovelha se perdera ou
se outras haviam se juntado ao rebanho?
Alguns
vestígios indicam que os pastores faziam o controle de seu rebanho usando
conjuntos de pedras. Ao soltar as ovelhas, o pastor separava uma pedra para
cada animal que passava e guardava o monte de pedras.
Quando os
animais voltavam, o pastor retirava do monte uma pedra para cada ovelha que
passava. Se sobrassem pedras, ficaria sabendo que havia perdido ovelhas. Se
faltassem pedras, saberia que o rebanho havia aumentado. Desta forma mantinha
tudo sob controle.
Uma ligação do
tipo: para cada ovelha, uma pedra
chama-se, em Matemática, correspondência
um a um.
Correspondência Um a Um
Fazer
correspondência um a um é associar a cada objeto de uma coleção um objeto de
outra coleção. Como você vê, o homem resolveu seus primeiros problemas de
cálculo usando a correspondência um a um. A correspondência um a um foi um dos
passos decisivos para o surgimento da noção de número.
Os Primeiros Registros de Números
Nos museus de
todo o mundo há inúmeros objetos com marcas, pertencentes a épocas antigas. São
pedaços de pau com talhos, pedaços de barro com marcas e cordas com nós.
Existem cavernas em cujas paredes podemos ver marcas talhadas ou pintadas.
Isso parece
indicar que o homem sentiu necessidade de registrar o total de objetos que
contava. E como se fazia isso? Para registrar o total de objetos ele usava
também a correspondência um a um: uma marca para cada objeto.
Como Contar Sem Saber Contar
Imaginemos um
grupo de indígenas. Eles ainda não são capazes de conceber os números
abstratos, mas conseguem contornar o problema, obtendo resultados satisfatórios
quando se trata de quantidades relativamente reduzidas. Para tanto, recorrem a
todo tipo de meios concretos. Mas na maioria das vezes eles “contam
visualmente” segundo a técnica corporal a seguir:
Toca-se
sucessivamente um por um os dedos da mão direita a partir do menor, em seguida
o pulso, o cotovelo, o ombro, a orelha e o olho do lado direito. Depois se toca
o nariz, a boca, o olho, a orelha, o ombro, o cotovelo e o pulso do lado
esquerdo, acabando no dedo mindinho da mão esquerda. Chega-se assim ao número
22. Se isto não basta, acrescenta-se primeiramente os seios, os quadris e o
sexo, depois os joelhos, os tornozelos e os dedos dos pés direito e esquerdo. O
que permite atingir dezenove unidades suplementares, ou seja, 41 no total.
Uma expedição
militar foi recentemente levada a cabo por estes grupos indígenas contra uma
aldeia vizinha que se revoltou, submetendo-se em seguida. Ao fim da reunião do
conselho de guerra, o chefe decide exigir uma reparação, e encarrega vários de
seus comandados de cobrar o resgate junto aos habitantes desta aldeia.
“Para cada
guerreiro perdido no combate” – diz o chefe _ “deverão dar-nos tantos colares
de pérolas quantos existem desde o dedo mindinho da mão direita até o olho do
mesmo lado. Em seguida, tantas peles quantas existirem desde o dedo mínimo da
mão esquerda até a boca. Finalmente, tantos cestos de alimento quantos podem
haver o mindinho da mão direita até o pulso esquerdo.”
O chefe explica
então aos seus homens que a punição infligida aos rebeldes foi fixada em:
•
10 colares de pérolas
•
12 peles de animais
•
17 cestos de alimentos
•
Para cada guerreiro morto em combate.
Nesta batalha,
nossos indígenas perderam dezesseis homens. Evidentemente, eles não conhecem o
número dezesseis, mas dispõem no caso de um meio infalível para determiná-lo.
Antes da expedição, cada guerreiro coloca uma pedrinha num monte e a retira na
volta. Assim, as pedras restantes correspondem exatamente ao número de perdas
no combate.
Um dos enviados
do chefe pega então dezesseis pedrinhas, que são substituídas por um monte de
pauzinhos de mesmo número, mais fáceis de transportar. O chefe verifica se seus
mensageiros assimilaram e guardaram bem todas as instruções, e eles partem para
a aldeia rebelde.
Mesmo com meios
limitados, nossos indígenas conseguiram, sem o saber, chegar a números
relativamente elevados, porque na verdade eles recolheram:
•
16 x 10 = 160 colares de pérolas;
•
16 x 12 = 192 peles de animais e
•
16 x 17 = 272 cestos de alimentos,
Ou seja, ao
todo, seiscentos e vente e quatro unidades.
Um Calendário Empírico
Contavam o
tempo, principalmente observando as fases da lua, para chegar sem erro a uma
data determinada:
A noção de
ordem já está aí presente, mesmo não sendo verdadeiramente conhecida.
Registrando Grandes Quantidades
Depois que o homem
teve a ideia de fazer agrupamentos para facilitar a contagem, surgiu o problema
de registrar os agrupamentos usando algum tipo de marca. Veja porque isso era
necessário:
Imagine que uma
pessoa usasse traços para representar cada ovelha. Por exemplo: um homem tinha | | | | | | | |
| | | | | | | | | | | | | | | ovelhas.
Não seria nada
prático, não é mesmo? Talvez a solução encontrada tenha sido separar grupos de
marcas.
Um homem tinha
| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | ovelhas.
Neste caso, as
marcas estão agrupadas de dez em dez.
A Invenção da Base
Dez é a base
mais comum. Como a humanidade aprendeu a contar nos dedos da mão, esta
preferência quase geral pelos grupos de dez foi comandada por este “acidente da
natureza” que é a anatomia das nossas duas mãos.
Imaginem um
rebanho de 627 animais. Como contar?
Uma outra
solução: a base cinco. Encontrada em diversas regiões da África e da Oceania e
que vários comerciantes indianos da região de Bombaim ainda empregam até hoje
para atender às necessidades mais correntes.
Vinte dedos
para contar: Outros povos preferiram adotar a base vintesimal.
Foi, por
exemplo, o caso dos malinké do Alto Senegal e da Guiné, dos yébu e dos ioruba
da Nigéria, dos banda da África central, dos tamara do Orinoco (aos pés do
planalto das Guianas na Venezuela), dos esquimós da Groelândia, dos aino da
ilha Sakhalin próximo às costas da Ásia oriental, entre o mar do Japão e o mar
de Okhotsk), dos maias e dos astecas da América Central pré-colombiana etc.
Muito mais
difundida é a base duodecimal, que, se tivesse evoluído, poderia ter
dado origem a uma numeração completa de base doze, o que nos teria dado um
sistema mais cômodo que a nossa numeração decimal, sendo o número doze
divisível ao mesmo tempo por 2, 3, 4 e 6.
Foi empregada
em antigos sistemas comerciais, dos quais temos o testemunho das nossas dúzia
e grosa (dúzia de dúzias), que ainda conservamos para os ovos e as bananas,
por exemplo.
A enigmática
base sessenta: Esta base, difícil de guardar na memória, foi primeiramente empregada
pelos sumérios, que tinham o hábito de contar por base sessenta e potências de
60. Em seguida foi transmitida aos matemáticos e astrônomos babilônios
(sucessores dos sumérios na Mesopotâmia), que dela se serviram para elaborar um
avançado sistema de numeração, antes de nos legá-la por intermédio dos
astrônomos gregos e árabes.
Nossa própria
cultura guardou seus vestígios, pois a utilizamos ainda para exprimir a medida
do tempo em horas, minutos e segundos, ou a dos arcos e dos ângulos em graus,
minutos e segundos.
O Sistema de Numeração Egípcio
Essa ideia de
agrupar marcas foi utilizada nos sistemas mais antigos de numeração.
Os egípcios da
Antiguidade criaram um sistema muito interessante para escrever números,
baseado em agrupamentos.
O Sistema de Numeração Romano
Vamos lembrar
como eram escritos alguns números:
Para não
repetir 4 vezes um mesmo símbolo, os romanos utilizavam subtração.
Observe alguns
números que seriam escritos com 4 símbolos e como os romanos passaram a
escrevê-los:
Curiosidade:
Em alguns
relógios o 4 são quatro pauzinhos (IIII) e não com um pauzinho e um “v”
(IV), porque IV também é a primeira
sílaba de IVPITER, Júpiter em latim. E como Júpiter era o deus mais importante
dos antigos romanos, achavam desrespeitoso usar essas iniciais para designar o
número 4, que nem é um número muito importante. Por isso, eles escreviam o 4
com quatro I.
Somente na
Idade Média é que começou a escrever IV, mas os relógios mantiveram a tradição
romana antiga.
A Civilização do Vale do Indo
O rio Indo está
localizado onde hoje é o Paquistão: próximo à Índia atual.
Em seu vale, há
mais de 4000 anos, foram construídas várias cidades, com ruas, calçadas,
sistemas de fornecimento de água e canalizações de esgoto. Possuíam piscinas
para banhos públicos e casas construídas com tijolos de barro. Seus habitantes
praticavam um comércio bastante intenso, inclusive trocando mercadorias com
outros povos.
Como não
poderia deixar de ser, numa sociedade com este nível de organização, os
habitantes da região possuíam uma linguagem escrita e um sistema numérico.
Entretanto, este não era ainda o sistema de numeração que usamos hoje. Muitos
séculos se passaram até que os hindus desenvolvessem o sistema de numeração
decimal. Não há muitos documentos sobre a Matemática conhecida pelos hindus da
Antiguidade. Por isto é impossível saber, com exatidão, quando e como os hindus
chegaram ao sistema de numeração decimal posicional. Ao que parece é que, por
volta do século V, eles já o utilizavam.
Entretanto, uma
coisa é certa: os hindus tiveram contato com muitas outras civilizações.
Influenciaram-nas e foram influenciadas por elas. O princípio posicional,
presente na numeração hindu, também aparece no sistema numérico dos babilônios,
e sabemos que houve contato entre esses povos. A base dez, que é uma das
características do sistema hindu, também era usada pelos egípcios e chineses.
Isto pode ser explicado pelo fato de todos terem dez dedos nas mãos, mas,
talvez, também seja devido ao intercâmbio que houve entre eles.
O zero, que é
outra característica importante da numeração dos hindus, talvez também não seja
uma criação deles. Há indícios de que, na fase final da civilização babilônia,
já era usado um símbolo para o nada.
Entretanto, um
grande mérito deve ser creditado aos hindus: o de reunir estas diferentes
características num mesmo sistema numérico.
O intercâmbio
cultural entre os povos da Antiguidade também se revela no uso do ábaco, cuja
origem não é conhecida, mas que, sabemos, era usado pelos chineses, hindus e
romanos. É certo que o ábaco teve grande importância na criação do nosso
sistema de numeração, como procuramos mostrar na segunda parte da lição.
O Império Mulçumano e a Difusão da
Numeração Hindu
Enquanto os
hindus, que habitavam o vale do rio Indo e tinham contatos com muitos outros
povos, iam pouco a pouco juntando os fios e preparando a trama do nosso sistema
de numeração; grandes acontecimentos tiveram início na Península Arábica.
Esta era uma
região desértica habitada principalmente por tribos nômades que se deslocavam
em grandes caravanas entre os poucos centros de comércio existentes. Nesse
ambiente viveu Maomé, o criador da religião islâmica (ou religião muçulmana) no
início do século VII da era cristã.
Maomé não foi
apenas líder religioso, mas também grande chefe guerreiro que submeteu ao seu
governo toda a Península Arábica. Seus sucessores empreenderam muitas guerras
de conquista, ampliando a área de influência do islamismo e estabelecendo um
grande império que, um século depois da morte de Maomé, atingia, a leste, a
região do rio Indo e, a oeste, o norte da África e a Península Ibérica.
Os árabes não
foram apenas guerreiros. Ao contrário, tiveram um papel importantíssimo no
campo da cultura e da ciência, especialmente na Matemática. A grande extensão
do Império Islâmico permitiu aos estudiosos árabes entrar em contato com as
mais variadas culturas.
Seus sábios
estudaram e traduziram as obras dos filósofos e matemáticos gregos, preservadas
na célebre biblioteca de Alexandria, no Egito. Não fossem as traduções para o
árabe, essas obras teriam sido perdidas para sempre com a destruição daquela
biblioteca, no final do século VII.
No extremo
oriental do seu império, os árabes entraram em contato com a cultura hindu e
interessaram-se especialmente pela astronomia, a aritmética e a álgebra, muito
desenvolvidas naquela civilização. Estudaram sobretudo o sistema numérico
hindu, reconhecendo sua simplicidade e praticidade. Esses conhecimentos já eram
dominados pelos hindus há vários séculos, mas não haviam se difundido entre os
povos do ocidente.
Os árabes, que
haviam penetrado na Europa e dominavam a Península Ibérica, foram os
introdutores da ciência oriental na Europa medieval. Entre os séculos VIII e
XIII, por iniciativa dos árabes, foram criadas muitas universidades e
bibliotecas, desde Bagdá, no Oriente Médio, até Granada e Córdoba, na atual
Espanha. Nesses centros, as obras dos hindus foram traduzidas para o árabe e
difundidas entre os estudiosos.
Entretanto, na
Europa Medieval houve grande resistência à introdução do saber oriental,
sobretudo ao sistema de numeração hindu e à maneira de realizar as operações
nesse sistema. Estabeleceu-se um conflito entre os partidários do velho ábaco,
herança dos romanos, e os que reconheciam as vantagens do método hindu. Esse
confronto ficou conhecido como a contenda entre "abacistas" e
"algoristas", e terminou com a vitória final destes últimos,
já em pleno Renascimento.
“Al-Khowarizmi” Virou “Algarismo”
Os dez símbolos
do nosso sistema de numeração são chamados dígitos ou algarismos. Dizemos, por
exemplo, que 507 é um número de três dígitos ou três algarismos.
A palavra
dígito vem da palavra latina "digitus", que significa dedo. É
claro que isto tem a ver com o uso dos dedos nas contagens.
É curiosa a
origem da palavra algarismo. Durante o reinado do califa al-Mamun, no século
IX, viveu um matemático e astrônomo árabe, que se tornou famoso. Chamava-se
Mohammed ibm-Musa al-Khowarizmi. Ele escreveu vários livros. Num deles,
intitulado "Sobre a arte hindu de calcular", ele explicava
minuciosamente o sistema de numeração hindu. Na Europa, este livro foi
traduzido para o latim e passou a ser muito consultado por aqueles que queriam
aprender a nova numeração. Apesar de al-Khowarizmi, honestamente, explicar que
a origem daquelas idéias era hindu, a nova numeração tornou-se conhecida como a
de al-Khowarizmi. Com o tempo, o nome do matemático árabe foi modificado para algorismi
que, na língua portuguesa, acabou virando algarismo.
A Resistência ao Novo
O sistema
numérico criado pelos romanos foi usado na Europa durante muitos séculos. Isto
aconteceu, sobretudo, devido ao grande poder da Igreja Católica Apostólica Romana
durante toda a Idade Média (do século V ao século XV, aproximadamente). O
sistema de numeração decimal, como vimos, chegou à Europa, levado pelos árabes,
por volta do século VIII. Portanto, quando a numeração hindu chegou à Europa,
os europeus estavam acostumados com a numeração romana.
Para nós, que
conhecemos os dois sistemas, é muito fácil perceber as enormes vantagens que o
sistema numérico decimal tem sobre a numeração romana. Isto poderia nos fazer
concluir que a numeração hindu-arábica tenha sido prontamente aceita pelos
europeus, em vista de sua superioridade. Entretanto, não foi isso que
aconteceu.
Foram
necessários alguns séculos para que as novas idéias triunfassem
definitivamente. Isto só aconteceu no século XVI.
Durante muitos
anos, uma verdadeira batalha foi travada entre os adeptos do novo sistema e os
defensores do sistema antigo. Os numerais hindu-arábicos chegaram a ser
proibidos nos documentos oficiais, mas eram usados na clandestinidade.
A perseguição,
contudo, não conseguiu impedir a disseminação do novo sistema, que se impôs
pelas suas qualidades.
Mudanças na Escrita dos Algarismos
Antes da
invenção da imprensa, que ocorreu no século XV, os livros eram copiados
manualmente, um a um. Como cada copista tinha a sua caligrafia, durante os
longos séculos de copiagem manual as letras e os símbolos para representar
números sofreram muitas modificações. Além disso, como o sistema de numeração
criado pelos hindus foi adotado pelos árabes e passado aos europeus, é natural
que, nesse percurso, a forma de escrever os dez algarismos sofresse alterações.
Por volta do
século IV, os hindus representavam os algarismos assim:
Não havia ainda
um símbolo para o nada.
No século IX,
já com o zero, a representação evoluiu para:
No século XI os
hindus representavam os dez dígitos assim:
No mesmo século
XI, os árabes que estavam no Ocidente representaram assim:
No século XVI
os árabes orientais empregavam esta representação:
Veja as formas
usadas pelos europeus nos séculos XV e XVI:
Hoje a
representação é esta:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 0
Após a invenção da imprensa,
as variações foram pequenas. Os tipos foram sendo padronizados. Mas, mesmo
assim, as modificações são inevitáveis. No visor das calculadoras eletrônicas e
dos relógios digitais, os dez algarismos são representados assim:
Senso Numérico
Vamos fazer uma experiência.
Observe as figuras:
Agora veja estas figuras:
Em qual dos dois casos foi
mais fácil perceber onde há mais pessoas?
No primeiro bastou uma
simples olhada, não é mesmo? Mas no segundo, provavelmente, você precisou
contar.
Somos capazes de distinguir
visualmente pequenas quantidades (até quatro, cinco...talvez seis objetos).
Entretanto este senso numérico não nos permite distinguir quantidades maiores.
Um fato curioso: alguns
animais também parecem ter esta capacidade de distinguir pequenas quantidades.
Sobre isso, há um caso interessante relatado por Tobias Dantzig, no
livro que indicamos nas sugestões de leitura. A história é mais ou menos essa:
Um fazendeiro decidiu matar
um corvo, pois este fizera o ninho na chaminé de sua lareira, impedindo a saída
da fumaça. Por várias vezes o homem tentou pegá-lo de surpresa, mas sempre que
se aproximava o corvo fugia.
Um dia o fazendeiro resolveu
enganar a ave. Duas pessoas entraram no galpão próximo à chaminé e, depois de
algum tempo, apenas uma saiu. O animal não se deixou enganar: fugiu e só voltou
ao ninho após a saída do segundo homem.
A experiência foi repetida
nos dias seguintes, com três e, depois, quatro pessoas. Não adiantou: a ave só
voltou ao ninho depois da saída de todos.
Finalmente, com cinco
pessoas, o corvo "perdeu a conta". Não percebendo a diferença entre
cinco (que entraram) e quatro (que saíram) ele voltou ao ninho assim que o
quarto homem se retirou. Pobre corvo! Passou desta para melhor!
E as crianças? Será que elas
têm senso numérico como o corvo da história?
Em crianças pequenas, de 2
ou 3 anos de idade, o senso numérico, às vezes, é menos desenvolvido do que o
do corvo. Entretanto essa percepção limitada é o ponto de partida para o
desenvolvimento da noção de número. Essa noção, que se desenvolve na mente da
criança e que os animais não têm, está vários passos à frente do senso
numérico.
O desenvolvimento da noção
de número depende das experiências que são vividas pela criança. Mas atenção: Nem
todas as crianças vivem as mesmas experiências e, às vezes, encontramos
crianças de 5, 6 ou mesmo 7 anos que não têm uma noção adequada de número.
Há crianças que escrevem os
números e os recitam até trinta ou quarenta. Apesar disso, se você pedir que
elas tragam cinco lápis, elas não acertam.
Isto quer dizer que, na
verdade, essas crianças não entendem os números.
É possível ajudar as
crianças a formar a idéia de número, mas não devemos nos iludir: somente
explicações não levam a criança à noção de número.
Pense em um treinador que
ensina um menino a jogar futebol da seguinte maneira: ele explica o que é
drible, trave, gol, chute etc; faz o menino decorar tudo isso e depois manda o
menino jogar e marcar gols.
Será que o menino vai jogar
bem?
Só com explicações, é quase
impossível. Aprende-se a jogar futebol jogando, tendo contatos, experiências
com a bola, o campo, os companheiros, o adversário. Só depois é que as
explicações do treinador podem ser úteis. Podem contribuir para desenvolver o conhecimento
sobre o jogo e, talvez, até transformar o aprendiz em craque.
Com as crianças e os números
acontece a mesma coisa. Para entender bem os números, as crianças precisam ter
vivido certas experiências. Só depois disso que os nossos ensinamentos serão
úteis.
A criança começa a formar a ideia
de número a partir de situações que envolvem quantidades. A criança pode viver
essas situações em casa ou brincando com amigos, antes mesmo de ir à escola.
Mas existem crianças que nunca passaram por essas situações.
Por isso, antes de ensinar a
escrever números e a contar, devemos criar situações para o aluno ter
experiências com quantidades.
Por enquanto é só!!!! Espero que aproveitem bastante este Post.
Muito bom!!
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